Arquivo do Autor: Luiz Menezes

Lançamento do Livro “Minerais e Pedras Preciosas do Brasil”

Minerais e Pedras Preciosas do Brasil

Minerais e Pedras Preciosas do Brasil

Temos o prazer de informar aos prezados leitores que amanhã, 28 de maio de 2010, às 18h30, será realizado na  Livraria Cultura do Conjunto Nacional, térreo, Avenida Paulista, 2.073 – São Paulo – SP. Fone (11) 3170-4033, o lançamento e noite de autógafos do livro “Minerais e Pedras Preciosas do Brasil”.

Este livro foi feito pelos colegas e amigos Carlos Cornejo e Andrea Bartorelli, com o patrocínio da Vale; podemos afirmar com segurança que é o melhor e mais completo livro sobre minerais brasileiros já editado, seja no Brasil como no exterior; foi um trabalho de fôlego, que descreve todas as mais importantes ocorrências de minerais brasileiros, e conta a história da mineralogia no Brasil desde o descobrimento.

Conta com várias centenas de fotos, a maioria delas dos minerais, mais também das mais importantes minas e garimpos, impressas com impecável qualidade; não é um livro científico sobre minerais ou sobre a geologia das jazidas, pois sobre isso há muita coisa disponível nas revistas técnicas, mas sim sobre a história das minas e dos personagens envolvidos nelas, coisa nunca antes abordada e que corria o risco de vir a se perder na poeira do tempo.

Tivemos a oportunidade de participar ativamente da elaboração desse livro, escrevendo alguns capítulos e auxiliando na revisão de várias partes dos textos. Estaremos presentes no evento de lançamento do livro, e seria uma honra contar com sua presença.

Identificações erradas e fraudes – Capítulo 4 – Periclásio

IDENTIFICAÇÕES ERRADAS DE MINERAIS E FRAUDES

Capítulo IV – PERICLÁSIO

O periclásio é um óxido de magnésio, MgO. Cristaliza-se no sistema cúbico, normalmente sob a forma de octaedros, mas que raramente excedem 2 mm de comprimento.

A cor pode ser incolor, branco-acinzentada, amarela, amarela-amarronzada, verde ou preta; o brilho é vítreo, o índice de refração é relativamente alto (1,74); a dureza é 5,5 e a densidade é 3,56.

Os cristais exibem clivagem cúbica perfeita, de onde saiu o nome do mineral, derivado de uma palavra grega que significa “quebrar em volta”.

É um mineral relativamente raro, encontrado em calcários metamórficos magnesianos formados em ambiente de alta temperatura.

No site www.mindat.org, que é uma das melhores fontes de referência para quem busca informações sobre qualquer mineral, estão publicadas apenas 8 fotos de periclásios, o que mostra como o mineral é raro e normalmente não-fotogênico; a mais bonita é de um cristal verde, medindo 2 mm, proveniente da Suécia; todas as demais fotos são de cristais brancos ou cinza.

PERICLÁSIO SINTÉTICO

Há cerca de 10 anos surgiram no mercado amostras de periclásio de cor verde-maçã, transparentes, medindo até mais de 5 cm; foram vendidas como periclásio natural, supostamente provenientes de “um lugar secreto na Bahia”, e vários lotes foram lapidados e vendidos fraudulentamente como gemas naturais.

Periclásio sintético

O que apuramos é que a Magnesita S.A., que opera jazidas na região da Serra das Éguas, em Brumado, BA, e é a maior produtora de materiais refratários no hemisfério sul, importa periclásio sintético, de alta pureza, que é usado como padrão em seus laboratórios de análises químicas para controle de qualidade de seus produtos, e que alguém ou teria desviado peças do estoque da Magnesita ou feito uma importação direta com a finalidade de vender o material fraudulentamente como natural; essa é uma possibilidade plausível pois periclásio sintético nunca é encontrado numa feira internacional de minerais ou de gemas, assim sendo nenhum comerciante brasileiro ou estrangeiro teria a oportunidade de conhecer esse material e se sentir tentado a trazê-lo ao Brasil para fazer dinheiro fácil iludindo compradores incautos.

Periclásio sintético

É muito fácil distinguir um periclásio natural de um sintético: simplesmente não existem periclásios naturais de qualidade gemológica que meçam mais do que poucos milímetros, e devido à raridade do mineral e das características de suas ocorrências é extremamente improvável que algum dia peças maiores sejam encontradas

Identificações erradas e fraudes – capítulo 3

Uma fraude clássica é a colagem de cristais de diamante e/ou de pequenos grãos de ouro no conglomerado, que são vendidas para colecionadores incautos ou para turistas como sendo peças naturais. Abaixo temos um exemplo típico – a primeira foto mostra a peça inteira, e as demais as montagens em detalhe. Ao clicar nas fotos, elas poderão ser visualizadas em tamanho maior.

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Conglomerado com ouro e diamante colado

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Detalhe do diamante colado

Ouro colado

Ouro colado em destaque

Tanto o diamante como o ouro são encontrados naturalmente nos conglomerados na região da Serra do Espinhaço e adjacências, que se estende do centro ao norte de Minas Gerais. São rochas metamórficas muito antigas, com mais de 1 bilhão de anos de idade, que contêm o resultado da erosão de rochas pré-existentes, inclusive kimberlitos, gerando rochas sedimentares que continham os diamantes, essas rochas desceram na crosta terrestre, e por ação de alta pressão e temperatura se transformaram em rochas metamórficas (quartzitos e meta-conglomerados); essas camadas voltaram posteriormente a se elevar, chegaram de volta à superfície e  foram então novamente erodidas, liberando os diamantes e o ouro (que não se originou em kimberlitos mas em outras rochas que sofreram o mesmo processo de erosão, transporte e metamorfização), gerando os ricos depósitos aluvionares que foram descobertos e intensivamente explorados nos séculos XVII e XVIII.  Na foto abaixo vemos uma excelente amostra  de diamante – um cristal natural, com ótima transparência.

Diamante - cristal natural

Cristal perfeito de diamante

É, portanto, possível encontrar grãos de ouro e/ou de diamante dentro dos conglomerados, mas devido ao colossal volume dessas rochas a chance de se encontrar a olho nu uma dessas amostras mineralizadas é extremamente baixa. Em nenhum garimpo nem em nenhuma mina industrial se tenta ver um ouro ou diamante na matriz, nos garimpos não se desagrega o conglomerado mas sim é processada rocha naturalmente desagregada, e nenhuma amostra é manuseada, o material é concentrado em bateias ou em “jigues” e o ouro e o diamante são concentrados gravimetricamente, os grãos que estiverem dentro do conglomerado vão ser certamente descartados junto com o rejeito da mina. Alguém pode até encontrar uma amostra nesses rejeitos, mas a chance é tão pequena que essas amostras legítimas deveriam ser extremamente raras.

Conglomerado com diamante colado

Conglomerado com diamante colado

Mas não é isso que acontece, existem em Diamantina e outras cidades da região verdadeiras linhas de montagem de ouro e diamantes nos conglomerados; alguns “artistas” (do mal!) colocam algumas vezes dois ou até mais cristais de diamante num mesmo conglomerado, ou então um cristal de diamante e ou grão de ouro, o que seria uma quase impossibilidade estatística de ser encontrado naturalmente. São peças, na minha opinião, desprovidas de qualquer valor, e não merecem pertencer a coleções de minerais sérias.

Diamante colado em conglomerado

Diamante colado em conglomerado

No último show de Tucson um comerciante americano tinha uma mesa cheia dessas amostras, com certeza (devido à quantidade) todas são fraudadas; um comerciante de Governador Valadares também adquiriu há poucos meses várias dezenas de peças, certamente também nenhuma é legítima.

Prezado assinante, caso você tenha uma peça dessas na sua coleção pode ter certeza de que ela deve ter sido montada. Recomendamos que ninguém compre esse tipo de material.

Água-marinha na turmalina preta de Erongo, Namíbia

A mina de Erongo, na Namíbia, é um pegmatito famoso pela produção de águas-marinhas, turmalinas pretas (schorl), fluoritas (verdes e roxas), quartzos enfumaçados e do raríssimo mineral jeremejevita.

Água-marinha na turmalina preta

Produção recente

No último show de Munich, realizado entre 30/10 e 1/11, vários comerciantes estavam oferecendo belas amostras de água-marinha incrustadas em grupos de cristais de schorl encontrados recentemente em Erongo; o lote deve ter sido bem grande pois hava muitas centenas de amostras à venda, muitas a preços surpreendentemente acessíveis, o que nos permitiu adquirir várias e colocá-las aqui à venda, no que consideramos seja uma boa oportunidade para os prezados clientes.

Água-marinha na turmalina preta

Os cristais de turmalina preta são finos e longos e estão agrupados ao longo dos eixos dos prismas, formando grupos que são mais finos na base e se alargam na direção da terminação, e sobre eles estão incrustados os cristais prismáticos, finos e longos, de água-marinha de cor azul clara, bom brilho e terminação plana (pinacóide basal).

Água-marinha na turmalina preta

Turmalinas pretas

Embora este pegmatito não produza quantidades expressivas de águas-marinhas com valor gemológico, os cristais são muito apreciados pelos colecionadores devido ao fato de estarem frequentemente incrustados em matriz de quartzo enfumaçado, de albita e de schorl. As turmalinas pretas muitas vezes exibem um extraordinário zoneamento interno de cores, que só pode ser observado quando os cristais são serrados em seções finíssimas, perpendiculares ao eixo do prisma, quando então podem ser observadas zonas internas, com contornos geométricos, de cores azuis, roxas, verdes, marrons, laranja e amarelas, e que vão variando em seções consecutivas cortadas a partir do mesmo cristal. Sim, as fotos abaixo são seções de turmalinas pretas!!

seção de turmalinas pretas

Seção de turmalina - Madagascar

Seções tranversais de turmalinas pretas

Jeremejevita

Finalmente, a jeremejevita é um flúor-borato de alumínio, hexagonal, que em Erongo ocorre sob a forma de belos cristais finos e longos (normalmente muito pequenos) de cor azul; para que se interessa por raridades temos também 3 amostras de jeremejevita (muito pequenas) para venda.

jeremejevita


Mais uma vez gostaríamos de indicar o site mindat.org para aqueles que gostariam de mais infirmações sobre os minerais citados. Lá existem fotos de amostras muito bonitas de jeremejevita, entre outras informações relevantes.

Abraço e até a próxima!!

Creedita

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